Manifestação de Venâncio Mondlane em Maputo Termina em Tiroteio com Feridos, Incluindo Crianças.
Uma passeata organizada pelo político oposicionista Venâncio Mondlane na Avenida Julius Nyerere, em Maputo, foi abruptamente interrompida por tiros na tarde desta quinta-feira (data). O episódio resultou em múltiplos feridos, entre eles menores de idade, e deixou a capital moçambicana em alerta. Até o momento, as autoridades policiais não se pronunciaram sobre as causas ou responsáveis pelo tiroteio.
De acordo com relatos de testemunhas, o protesto — que reunia dezenas de apoiadores para criticar políticas governamentais — foi surpreendido por disparos de armas de fogo, provocando correria e caos no local. Mondlane, deputado e voz crítica da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde a independência, foi retirado às pressas do local por seguranças e encontra-se em local não revelado por motivos de segurança. Um integrante de sua equipe teria sido atingido por balas e foi levado para um hospital, segundo fontes próximas ao grupo.
O tiroteio ocorreu em uma das principais vias da capital, região de intenso movimento comercial e administrativo. Comerciantes relataram à imprensa local que ouviram “rajadas de tiros” por cerca de dez minutos, seguidos de gritos e desespero entre manifestantes e pedestres. “Vi crianças chorando e pessoas se arrastando para se proteger. Foi um cenário de terror”, descreveu uma testemunha que preferiu não se identificar.
Serviços de emergência confirmaram que ao menos oito civis, incluindo duas crianças, foram atendidos em unidades de saúde com ferimentos leves, causados por estilhaços ou quedas durante a debandada. Nenhuma morte foi registrada até o fechamento desta reportagem. A Avenida Julius Nyerere permaneceu parcialmente bloqueada por horas, com trânsito interrompido e estabelecimentos fechados por precaução.
Organizações da sociedade civil, como a Associação Moçambicana dos Direitos Humanos (AMDH), exigiram explicações urgentes das autoridades. “É inadmissível que manifestações pacíficas se transformem em cenários de violência, colocando vidas em risco, principalmente de inocentes”, declarou um porta-voz da entidade. A falta de informações oficiais sobre o episódio alimenta especulações, incluindo a possibilidade de confronto entre grupos políticos rivais ou ação repressiva de forças de segurança.
O silêncio da Polícia da República de Moçambique (PRM) contrasta com a gravidade do ocorrido, levantando críticas sobre transparência e o direito à livre manifestação no país. Mondlane, que já denunciou anteriormente supostas intimidações contra oposicionistas, vinha mobilizando seguidores para protestar contra o custo de vida e a gestão de recursos públicos.
Internacionalmente, o caso começa a atrair atenção: a União Africana (UA) emitiu uma nota genérica pedindo “moderação”, enquanto redes sociais moçambicanas são inundadas por relatos e vídeos do momento do tiroteio. Analistas políticos alertam que o incidente pode acentuar tensões em um ano marcado por eleições municipais e debates acalorados sobre a crise econômica.
Enquanto os feridos se recuperam e a população aguarda respostas, o episódio deixa uma pergunta no ar: até que ponto a violência pode comprometer o frágil equilíbrio democrático em Moçambique?