Unita Condena Detenção de Venâncio Mondlane e Outros 22 no Aeroporto de Luanda.

A Unita, maior partido de oposição em Angola, condenou veementemente a retenção e impedimento de entrada no país de 23 personalidades, incluindo o ex-candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane, no aeroporto de Luanda. O grupo viajava para participar da Conferência Internacional sobre Democracia em Benguela, organizada pela Unita em parceria com a Fundação Konrad Adenauer (ligada à Alemanha) e o World Liberty Congress (EUA), que ocorre entre hoje e domingo.  

Segundo Álvaro Daniel, secretário-geral da Unita, as autoridades angolanas não justificaram a ação, classificada pelo partido como “repugnante”. “Repudiamos este ato arbitrário, que mancha o diálogo democrático e a imagem de Angola”, declarou Daniel, reforçando que o evento visa debater liberdades e governação inclusiva. Entre os detidos estão académicos, ativistas e líderes civis de vários países, convidados para painéis sobre transparência política e direitos humanos.  

A conferência em Benguela ganha contorno simbólico, já que a Unita, historicamente crítica ao governo do MPLA (no poder desde 1975), busca reforçar seu papel como alternativa política. A retenção de Mondlane, figura proeminente em Moçambique, também levanta questões sobre as relações bilaterais e a coerência angolana em temas de cooperação regional.  

Até o momento, o Ministério do Interior angolano não se pronunciou, alimentando especulações sobre motivações políticas. A Fundação Konrad Adenauer emitiu nota de “preocupação”, enquanto observadores internacionais destacam o paradoxo de um evento sobre democracia ser marcado por restrições a participantes.  

O incidente ocorre em um contexto sensível, com a Unita aumentando sua pressão por reformas eleitorais e transparência, após disputas acirradas nas eleições de 2022. Para analistas, o episódio pode impactar a percepção internacional sobre o espaço democrático angolano. Leia também...