Venâncio Mondlane Desaparece Após Violência Policial em Passeata em Maputo; Duas Crianças Mortas.

equipa do ex-candidato presidencial de Moçambique, Venâncio Mondlane, divulgou uma nota nas redes sociais do político, na sequência de tumultos causados por disparos durante uma passeata realizada hoje em Maputo.  Segundo o comunicado, um contingente da Unidade de Intervenção Rápida da (UIR) da polícia "abalroou a caravana de Venâncio Mondlane e iniciou uma saraivada de disparos com balas verdadeiras e gás lacrimogéneo".  De acordo com o mesmo texto, duas crianças foram mortas e 16 pessoas ficaram feridas durante o incidente, abrindo "uma nova onda de manifestações".
Venâncio Mondlane Desaparece Após Violência Policial em Passeata em Maputo; Duas Crianças Mortas.

Por Cristiane Vieira Teixeira

5 de março de 2025

O paradeiro e o estado de saúde do político moçambicano Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial, permanecem desconhecidos após um tumulto durante uma passeata em Maputo nesta quarta-feira (5). O caos começou quando forças da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) da polícia moçambicana dispararam balas verdadeiras e gás lacrimogêneo contra a caravana do oposicionista, segundo um comunicado divulgado nas redes sociais de Mondlane. O episódio resultou na morte de duas crianças e deixou 16 feridos, além de acenderem protestos em várias regiões do país.  

De acordo com a nota oficial da equipe de Mondlane, o contingente policial "abalroou a caravana do líder e iniciou uma saraivada de disparos", provocando pânico entre manifestantes e transeuntes. "O estado clínico e o paradeiro de Venâncio Mondlane são desconhecidos neste momento", afirma o texto, que acusa as autoridades de "repressão brutal a um ato pacífico". A passeata, organizada para criticar políticas governamentais, ocorria em uma das principais vias da capital quando foi interrompida pela ação violenta da UIR.  

Testemunhas relataram à imprensa local cenas de desespero: "Vi corpos no chão, crianças sendo carregadas por adultos ensanguentados. A polícia não deu aviso, começou a atirar de repente", descreveu um comerciante que pediu anonimato. Serviços de emergência confirmaram que as duas vítimas fatais eram menores de idade, atingidas por projéteis de arma de fogo. Entre os 16 feridos, há casos graves com fraturas e ferimentos a bala, segundo hospitais da região.  

O silêncio das autoridades alimenta tensões. Até o fechamento desta reportagem, a Polícia da República de Moçambique (PRM) não se pronunciou sobre as acusações, nem detalhou motivos para o uso de força letal. A UIR, unidade de elite frequentemente acionada em crises, é alvo recorrente de denúncias por excesso de violência por parte de organizações de direitos humanos.  

viralizou, com cidadãos e ativistas exigindo respostas do governo. "Isto é um sequestro político! Exigimos a aparição com vida de Mondlane imediatamente", publicou um perfil ligado à oposição. Em bairros periféricos de Maputo e na cidade de Nampula, grupos organizaram queimas de pneus e bloqueios de estradas em protesto contra a ação policial.  

O incidente ocorre em um contexto de crescente instabilidade política em Moçambique. Mondlane, figura emblemática da resistência contra o partido Frelimo (no poder desde 1975), é criticado por discursos inflamados contra o presidente Filipe Nyusi, mas também conquista apoio popular ao denunciar corrupção e a crise econômica. Em 2024, ele concorreu às eleições presidenciais, mas contestou os resultados, classificando-os como "fraudulentos".  

Organizações internacionais começam a reagir. A Anistia Internacional emitiu um alerta pedindo "transparência imediata" sobre o ocorrido, enquanto a União Europeia convocou uma reunião de emergência para discutir o caso. Analistas temem que a escalada de violência aprofunde divisões em um país ainda marcado por conflitos armados em Cabo Delgado.  

Enquanto isso, familiares das vítimas aguardam justiça. "Mataram meu filho de 10 anos que apenas voltava da escola. O que faremos sem ele?", questionou a mãe de uma das crianças mortas, em lágrimas, a repórteres.  

Com Mondlane desaparecido e a população em revolta, Moçambique enfrenta seu dia mais tenso em anos – e o mundo observa.  

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